Adotei um livro da gratidão, mas agradeço pelas mesmas coisas quase sempre. Está difícil de sair da órbita doméstica … daquilo que é cotidiano e que pende mais para um lado do que do outro.
Descreverei o dia de hoje:
É domingo…
Acorda, tenta ir na rua comprar frutas e legumes de bicicleta só que está chovendo. Retorna.
Prepara a papinha de fruta do bebê e o alimenta.
[O outro adulto se oferece para ir na rua e começa a perguntar o que é necessário. O mesmo toma seu café em meio ao caos da cozinha, sem sequer organizar a mesa. Este sai e vai ao mercado.]
Então varre e passa pano na cozinha, forra o chão para o bebê brincar. Arruma a mesa para o café da manhã, acorda a outra filha que já passa da hora na cama e juntos tomam café.
[O outro adulto retorna. Em seguida senta para ver TV, mas pega o bebê e fica com ele.]
Lava a louça da janta do dia anterior e do café, para então preparar o almoço.
Cozinha o almoço, cozinha a comida do bebê.
E chama a todos para almoçarem, coloca a mesa.
Alimenta o bebê, põe a comida da criança. E quando percebe que está demorada a evolução do almoço do bebê, coloca sua própria comida, para ir almoçando e alimentando-o ao mesmo tempo. Neste momento o bebê não quer ficar mais no cadeirão, então o outro adulto o olha enquanto …
Finaliza o almoço. Deita-se no chão por alguns minutos, pois o bebê quer mamá. Amamenta, descansa e brinca com a outra criança.
[O outro adulto almoça, ao término vai dormir.]
Percebe que as crianças não tomaram banho.
Levanta-se e prepara o banho de ambas, ao mesmo tempo, cada uma em sua banheira, inclusive a piscina da barbie. Finaliza o banho da bebê enquanto a irmã continua brincando e se ensaboando. Leva a bebê para quarto, põe fralda e é interrompida pelo chamamento da outra criança, solicitando atenção. Pede diversas vezes que espere um pouco. Mas resolve acordar o outro adulto da casa para por a roupa no pequeno enquanto encerra o banho da grande.
Banho encerrado, o outro adulto se oferece para vestir a criança, então…
Toma banho, com uma pequena pausa para ler uma reportagem do jornal de sábado.
Inventa de fazer uma receita e a criança diz que vai ajudar.
Só que o bebê chora , então pausa para amamentar, enquanto a outra criança reclama que quer fazer brownie. Reclama. Reclama e reclama. Digo para o outro adulto, levantar da cama e fazer um lanche para a criança, enquanto não se faz o brownie. Até que o bebê dorme.
Na cozinha, termino o lanche da criança. O bebê acorda. E o outro adulto é solicitado para fazer e dar o lanche do bebê.
O outro adulto reclama, diz que precisa estudar. E diz que alguém tem que fazer. Mas se não tem outro alguém, ele mesmo tem que fazer.
Começa a preparação do brownie, que vai para o forno e o bebê ainda está comendo.
Começa a limpeza das louças e etc., depois pega-se o bebê e vai para o quarto brincar, ler e brincar. Os três, enquanto o outro adulto vai estudar.
O brownie pronto, canta-se parabéns para a boneca aniversariante e come-se o bolo.
Descansa-se um pouco, acessa-se a internet, enquanto as crianças brincam, todos na cama. O tempo passa …
Percebe-se que já passou do horário do jantar.
Põe janta para a cria e para o bebê. Depois, sobremesa. Estende a roupa que está na máquina desde cedo. Escova os dentes da cria, troca a roupa e a fralda do bebê. Põe na cama. Amamenta e conta história. Pede silêncio diversas vezes. Nina e todos dormem.
Acessa as redes sociais e esquece o tempo, começa a escrever este texto, são 02h da manhã.
O outro adulto parece ter terminado seus estudos.
* * *
Estou cansada. Principalmente porque meus planos para o dia de hoje não eram esse.
O primeiro, de sair pela manhã e almoçar na rua. Falhou! Perdemos a hora, acordamos 10:30h.
O segundo, de após o almoço ir na biblioteca e depois à livraria. Falhou! Pois com o tempo chuvoso, sem dinheiro (hoje é o último dia do mês) e exausta, desanimei. Os banhos se encerraram aproximadamente às 17h e neste horário, nada mais está em tempo hábil…
Ando extremamente cansada dos afazeres domésticos. Dessa rotina de cuidar de tudo e de não ser cuidada. De se achar assoberbada de coisas, sem ter tempo para cumpri-las.
Mas mesmo assim tento agradecer, por poder fazer o que faço, por ter saúde… Mas no fundo, no fundo, me sinto só e extenuada.
Quero (preciso) voltar com a terapia.
Quero fazer jiu-jitsu.
Quero um dia num SPA.
Mas por enquanto tenho que cuidar, cuidar e cuidar. Escrever, escrever e escrever, tenho uma dissertação para defender. Retornei ao trabalho e o outono insiste em deixar todas as crianças do mundo doentes. Mais trabalho…
Dai-me forças, meu pai!
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